Nestes dois contos, Artur Azevedo lança um olhar crítico e espirituoso sobre o jogo de aparências, os desejos contrariados e os arranjos sociais impostos. Em "A filha do patrão", a jovem Adosinha abandona seu grande amor, Borges, para se casar com o pretendente escolhido por seu pai, o influente Comendador Ferreira. A escolha forçada por seu pai evidencia como a vontade feminina é silenciada em nome das conveniências sociais.
Já em "Ardil", o cenário é um salão aristocrático onde uma baronesa, insegura com a infidelidade do amante, procura conselhos da viscondessa, que compartilha uma engenhosa estratégia para mantê-los sob controle. O diálogo entre as duas revela não apenas o cinismo das relações extraconjugais, mas também os jogos de poder travados nos bastidores da elite.
Com ironia refinada e diálogos marcantes, Azevedo constrói retratos reveladores das relações afetivas e das tensões entre status, desejo e convenção social.