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Jose Mauro De Vasconcelos

O Meu Pé de Laranja Lima

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  • Evelly Angelhas quoted2 days ago
    Também apanho pelo que não faço. Levo culpa de tudo. Já se acostumaram a me bater.
  • Evelly Angelhas quoted2 days ago
    Eu não presto para nada. Sou muito ruim. Por isso é o diabo que nasce pra mim no dia do Natal e eu não ganho nada. Sou uma peste. Uma pestinha. Um cachorro. Um traste ordinário. Uma das minhas irmãs me disse que coisa ruim como eu não devia ter nascido...
  • Evelly Angelhas quoted3 days ago
    Não espero nada. Assim a gente não fica desapontado.
  • Vitoria Camillehas quoted9 days ago
    Foi você, quem me ensinou a ternura da vida, meu Portuga querido. Hoje sou eu que tento distribuir as bolas e as figurinhas, porque a vida sem ternura não é lá grande coisa. Às vezes sou feliz na minha ternura, às vezes me engano, o que é mais comum.

    Naquele tempo. No tempo de nosso tempo, eu não sabia que muitos anos antes, um Príncipe Idiota ajoelhado diante de um altar perguntava aos ícones, com os olhos cheios d'água: “POR QUE CONTAM COISAS AS CRIANCINHAS’

    A verdade, meu querido Portuga, é que a mim contaram as coisas muito cedo.

    Adeus!

    Ubatuba, 1967
  • Vitoria Camillehas quoted9 days ago
    — Já cortaram, Papai, faz mais de uma semana que cortaram o meu pé de Laranja Lima.
  • Vitoria Camillehas quoted9 days ago
    “Que quer esse homem que me pega no colo?” Ele não é meu pai. Meu pai morreu. O

    Mangaratiba matou ele.
  • Vitoria Camillehas quoted9 days ago
    Como era fácil para uns morrer. Era só vir um trem malvado e pronto. E

    como era difícil para mim ir para o céu. Todo mundo estava segurando minhas pernas para eu não ir.
  • Vitoria Camillehas quoted9 days ago
    Pedia ao Menino Deus, se é que ele se importava alguma vez comigo, para que ele não tivesse sentido nada.
  • Vitoria Camillehas quoted9 days ago
    Eu ouvia tudo e continuava desinteressado de viver. Queria ir pro céu e ninguém vivo ia para lá.
  • Vitoria Camillehas quoted9 days ago
    Agora sabia mesmo o que era a dor. Dor não era apanhar de desmaiar. Não era cortar o pé com caco de vidro e levar pontos na farmácia. Dor era aquilo, que doía o coração todinho, que a gente tinha que morrer com ela, sem poder contar para ninguém o segredo. Dor que dava desânimo nos braços, na cabeça, até na vontade de virar a cabeça no travesseiro.
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