Os textos reunidos neste livro resultam da interseção de duas posições teórico-políticas defendidas pela antropóloga argentina Rita Segato: a perspectiva crítica da colonialidade do poder e uma prática disciplinar que a autora denomina antropologia por demanda, pressupondo uma inversão do próprio trabalho etnográfico, que passa a se colocar a serviço das “demandas” de comunidades e povos, seus objetos de estudo.
A partir dessa nova perspectiva, Rita Segato — uma das intelectuais e feministas mais influentes da contemporaneidade — constrói um sólido repertório conceitual abordando questões urgentes de nosso tempo, como as hierarquias de gênero e de raça agravadas pelo processo da colonial-modernidade, a universalidade dos direitos humanos, a violência contra as mulheres. Costurando todos estes ensaios está um projeto histórico alternativo, de valores próprios e intencionalmente disfuncional ao capitalismo.
Rita Segato nos oferece um pensamento original e engajado, forjado em décadas de pesquisas, ativismo e do magistério, tendo o Brasil como principal campo de atuação e análise. A leitura da obra nos convoca, portanto, a um necessário — e muitas vezes incômodo — processo de autorreflexão.