A menos que a ciência biológica seja um amontoado de erros, qual é a razão da inteligência e do vigor humanos? A luta pela vida e a liberdade: condições sob as quais os ativos, os fortes e os astutos sobrevivem, enquanto os fracos sucumbem; condições que estimulam a aliança leal dos capazes, o autodomínio, a paciência, a determinação. E a instituição da família, e as emoções que dela resultam, o ciúme desvairado, a ternura para com a prole, a dedicação dos pais, tudo isso encontra sua justificativa e sustentáculo nos perigos que ameaçam os filhos. Mas, e quando não existem esses perigos? Surge e cresce um novo sentimento, oposto ao ciúme conjugai, oposto à maternidade feroz, oposto às paixões de qualquer natureza, Essas coisas se tornam desnecessárias, pois só serviriam para complicar a vida, resquícios bárbaros e incômodos numa existência agradável e refinada.