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Lázaro Ramos

Na Minha Pele

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  • Kahas quoted5 years ago
    E aos dezoito concluí: meu padrão não é daqui. E eu quis lançar aos quatro ventos, pendurar uma faixa amarela, quando vi uma pretinha triste, eu escrevi dizendo para ela que tudo nela é de se amar. Tudo. O modo como os músculos dos braços protuberam, a pele que contorna a carne do rosto iluminando, o cabelo que trava os dedos na hora de acarinhar, que é como se dissesse “se eu te permiti tocar tão profundo, então pode permanecer entre os meus fios”.
  • Kahas quoted5 years ago
    de palestra em palestra precisam ser lembrados que o racismo existe e aí ficam todos chocados porque o racismo é o crime perfeito que só a vítima vê. E quando se vê insatisfeito, e não guarda mais para si, vira ele o próprio suspeito acusado de mi-mi-mi. E a gente se sente meio otário por ter feito barulho. Retirar a negritude do armário ainda é
  • Kahas quoted5 years ago
    visto como esbulho. E a gente ajunta o adversário porque vive com orgulho. O bagulho é louco e é necessário ser mais louco que o bagulho. Vem chegando dia 20, o dia da consciência em que radical é o militante cansado de ter paciência. Mas a gente tenta, porque na prática o método aperfeiçoa. A gente vem falar rimando para ver se não magoa. Mas se vocês ainda estão escutando, é porque a gente não fala à toa.1
  • Kahas quoted5 years ago
    Ouvi recentemente que sou geração tombamento: preta, pobre, consciente, que carrega esteticamente a cura para o próprio tormento. Meu tormento não nasceu comigo. Eu me lembro de senti-lo bem no colégio, dos meninos que me revelaram que amor-próprio era privilégio. O meu amor-próprio foi construído. Demorei, mas aprendi. E aos dezoito concluí: meu padrão
  • Kahas quoted6 years ago
    Elogio em boca própria é vitupério”.
  • Kahas quoted6 years ago
    Mesmo quando tentamos esquecer que somos negros, alguém nos lembra”.
  • Kahas quoted6 years ago
    ritmado da mão do pilão, bateu forte no espelho, que se espatifou, lançando seus cacos pelo mundo. Assustada, Mahura foi se desculpar com Olorum. Qual não foi a sua surpresa quando o encontrou
  • Kahas quoted6 years ago
    Entre o Orun (o mundo espiritual) e o Aiyê (mundo material) existia um espelho, e tudo o que aparecia no Orun materializava-se no Aiyê. Ou seja, o mundo espiritual refletia exatamente o mundo material e não havia a menor dúvida de que cada acontecimento constituía uma verdade absoluta. Portanto, todo cuidado era pouco para não quebrar o espelho da verdade, que ficava justamente entre os dois mundos.
    Mas vivia no Aiyê uma jovem chamada Mahura. A jovem trabalhava dia e noite ajudando sua mãe a pilar inhames. Um dia, desavisadamente, ao perder o controle do movimento
  • Kahas quoted6 years ago
    Os eventos abolicionistas eram chamados de “batalhas das flores”. O Quilombo do Leblon, por exemplo, instituiu a camélia como símbolo antiescravista. Quem defendia a libertação dos escravos usava camélias na lapela, e assim os fugitivos podiam identificar ajuda nas ruas. Muitas personalidades importantes, como Rui Barbosa, usavam a flor ou a cultivavam no jardim de sua casa como forma de protesto.
  • Kahas quoted6 years ago
    Observem que os imigrantes europeus geralmente sabem descrever com detalhes suas histórias e erguem museus para preservar a memória de seu povo. Onde estão a valorização e a preservação da nossa?
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